terça-feira, dezembro 18, 2007

To be a Rock... And not to Roll...


Neste altura do ano, sempre propícia a presentes e bombons e supresas, o mundo foi tomado de assalto por um conjunto de acontecimentos que alteraram o curso do presente: Nicolas Sarkozy, primeiro-ministro e solteirão francês, está a viver o seu grande "romance de Inverno" com a ex-top-model Carla Bruni; foi assinado o "Tratado de Lisboa", em Lisboa; Kaká foi o eleito o melhor jogador de futebol do mundo; um estudo revela que as mulheres com pernas curtas são mais propensas a sofrer do fígado, semanas depois de ser descoberto que os homens ficam mais estúpidos na companhia de mulheres louras; e os Led Zeppelin reuniram-se, para um concerto único, na O2 Arena, em Londres.


Porquê destacar o concerto dos Led Zeppelin? Porquê destacar a enésima tentativa de mais uma banda do passado que tenta renascer das cinzas, passear nas luzes da ribalta, recapturar a relevância que em tempos tiveram, e, ao mesmo tempo, rentabilizar a tentativa?
A primeira razão é contextual . Recentemente, foi divulgada a lista das digressões mais rentáveis do ano 2007 que finda, e nos dois primeiros lugares, encontravam-se, surpresa... as digressões de reunião dos Police e dos Genesis. Duas bandas que tiveram o seu dia nos anos 70 e 80. E, pergunto, porquê? Serão os Justin Timberlakes, as Rihannas, os White Stripes, os Strokes, menos apelativos? Será uma questão de qualidade musical? Será que o público que frequenta concertos são praticamente todos uma cambada de trintões-quarentões, carecas e gordos, que gosta de relembrar os seus tempos de rebeldes magrinhos vezes sem conta, e que para tal, não se importa de ver os seus antigos ídolos de cabelos brancos, sem se mexer muito, que agora há hérnias e problemas no fígado pra gerir? Mas ainda há motivos pra guinchar a "Roxanne" mais uma vez?

A segunda razão é porque... bem, são OS Led Zeppelin!!!!! Talvez a banda mais unânime entre os fãs de rock, e muitos não-fãs de rock. Porque:
a) Tiveram provavelmente o melhor vocalista que o rock já conheceu. Um tipo que tinha uma voz aguda (sem soar como uma biatx), que atacava as notas como um leão, e que tinha uma farta cabeleira loira de fazer inveja a muito "playboy-wannabe".
b) Tiveram provavelmente o melhor guitarrista que o rock já conheceu. Este é um tópico polémico, visto que guitarristas míticos é coisa que não falta no género, cada um pela sua razão. Mas, caramba, o gajo celebrizou as Gibsons Les Paul e os amplificadores de válvulas Fender praticamente sozinho. O gajo tocava guitarra com arcos de violino. Foi a ver o Jimmy Page tocar que o Eddie Van Halen teve a inspiração de criar a célebre técnica de "finger-tapping"!!!! E para além disso, era ele o produtor dos discos dos Zeppelin, e criou várias técnicas de gravação que ainda hoje são imitadas.
c) Tiveram provavelmente o melhor multi-instrumentista que o rock já conheceu. O Brian Jones e outros que me perdoem, mas quando encontrarem um gajo que toque baixo, guitarra, mandolin, autoharpa, ukelele, cítara, violoncelo, mellotron, teclas, a um nível altamente profissional numa banda de rock, eu mudo de ideias e transito para um blog sobre comida indiana.
d) Tiveram O melhor baterista que o rock já conheceu. E aqui não há contestação. O gajo tá morto, e com os mortos não se discute.
e) Algumas das histórias dos bastidores dos Zeppelin figuram no Hall of Fame das histórias de bastidores do Rock. Desde as inúmeras histórias com groupies (como a famosa história da menina e do peixe, ou da menina de 13 anos com quem o Jimmy Page esteve envolvido), as tendências do oculto que o Jimmy Page tinha, a casa assombrada onde gravaram o III, ou mesmo a morte do John Bonham.
f) A história da formação da banda. Jimmy Page foi o terceiro guitarrista dos YardBirds (a seguir ao Eric "Slow Hand" Clapton e ao Jeff Beck), e, quando a banda se desmembrou, recrutou novos elementos, de forma a completar a tour pendente dos YardBirds como "The New YardBirds". Mas o baterista dos Who, Keith Moon, comentou com o Jimmy que o novo nome da banda "sucks", e sugeriu que mudasse o nome para outra coisa. "Like what?". "Dunno... Led Zeppelin, maybe?".

g) Pah... Gravaram o rock mais monstruoso e intemporal de sempre (Discutível, eu sei... eat my shorts!). Pegaram no blues, no folk, no hard-rock que já se fazia, e criaram um som nunca antes feito, e muitas vezes imitado posteriormente, sem os mesmos resultados. Praticamente toda a sua discografia pertence à história do rock: I, II, III, IV, Houses of the Holy, Physical Graffiti...
h) A "generation next" tentou explorar o filão Zeppelin. Perry Farrell adaptou Whole Lotta Love à electrónica. Sheryl Crow "apopalhou" a Dyer Maker. Puff Daddy samplou a Kashmir. Há alguma coisa mais cool que os putos pedirem licença aos avós pra rockar?

Pah, e eu detesto concertos de reunião, mas...

And now, ladies and gentlemen, the greatest gigs in the sky:

White Summer / Black Mountain Side


Dazed and Confused


Kashmir


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1 Comments:

Blogger Dr. Gonzo said...

Este comentário é dirigido às pessoas que não concordam com todos, repito, todos os pontos acima referidos.

Eat My Shorts!
Dont't you fuck with me now man, I'm Ahab! Bring in the Moby Dick

8:11 p.m., dezembro 18, 2007  

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