Daddy Rollin' Stone
Há pessoas que estão fadadas ao esquecimento. Há pessoas que batem com o nariz na fama. Há pessoas destinadas a morrer sozinhas. E há pessoas que estão destinadas a ser lembradas.
Para muitos fãs do rock e derivados, o nome Johnny Thunders não diz nada. A alguns diz pouco. Mas a história não esquece. E não perdoa. Johnny Thunders não nasceu Johnny Thunders. Johnny Thunders nasceu um vulgar John Genzale. Durante uns tempos chamou-se Johnny Volume. Mas não seria recordado assim. Juntamente com David Johansen e Sylvain Sylvain, Arthur Kane e Billy Murcia, forma, aos 19 anos, os míticos New York Dolls. Rimel, baton, espuma para o cabelo, heroína e muito, mas muito rock'n roll. A imagem iria influenciar grandes bandas do passado como os Kiss, os Van Halen, ou (blergh!) os Bonjovi. Mas a música, iria influenciar os Sex Pistols, Ramones, Guns N Roses e todas as bandas que daí em diante tocavam o rock no limite do politicamente incorrecto. Duraram 3 anos, 2 albuns e muitas doses de heroína. Deixaram hinos clássicos do rock mais sleazy que se fez até hoje, como Personality Crisis ou Jet Boy. Acabaram sem nunca cheirar o êxito que só chegaria postumamente.
Mas o Johnny Thunders não era homem de ficar parado. Só sabia fazer uma coisa na vida: tocar guitarra. O rock corria-lhe no sangue. Mais do que a heroína. Por isso, em 1975, forma, com
Richard Hell dos Television (também merecedores de um post), os HeartBreakers. Com (já naquela altura) duas figuras lendárias da cena de Nova Iorque, causaram impressão suficiente para conseguirem gravar um albúm, bem rápido e à pressa, como o rock deve ser. O album chama-se "L.A.M.F." (algo como Like A MotherFucker), e contém clássicos como Born to Lose ou One Track Mind, mas talvez a música mais conhecida seja mesmo Chinese Rocks, escrita maioritariamente pelo futuro Dee Dee Ramone, e que versava sobre o vício da heroína, e a penhora de todos os bens em nome da China White. Em fim, um assunto com o qual todos estavam familiarizados.

Mas os Heartbreakers também não iam durar. E mais uma vez, Johnny Thunders viu-se sem gang. Com um passado já de respeito, em termos de influência na música à qual deu a alma, encontrava-se numa encruzilhada. Aos 26 anos, sabia que podia já não ter muito tempo. A heroína estava a tomar o comando. Mas antes que acontecesse, Johnny Thunders grava, provavelmente, a sua grande obra-prima, talvez o maior feito da sua carreira: o álbum So Alone.
A saúde e o vício não ajudavam, mas ele sabia que aquele seria o seu canto do cisne. E decidiu que seria uma grande festa. Vários amigos participaram na gravação do album. Elementos dos Sex Pistols. Phyl Lynott dos Thin Lizzy. Chrissie Hynde (futuramente) dos Pretenders. Tantos outros. Para a história ficaram músicas como She's so Untouchable, Ask me No Questions, as versões de Pipeline, Great Big Kiss ou Daddy Rollin' Stone, mas acima de tudo, You can't put your arms around a memory. A aura que envolve o album dá a sensação de ser aquele o auge do artista. Que a partir daqui, é sempre a descer.
E assim foi. Johnny ia morrer. Ele sabia. Mas não foi tão cedo como esperava. Restaram-lhe alguns anos de decadência. Concertos semi-vazios, performances grotescas e acabadas, albuns inconsequentes, muita heroína. Sempre a heroína. Mas seria igual sem heroína?
Johnny Genzale morreu em 1991, sozinho, no seu apartamento. De overdose. Tinha 38 anos. Mas aparentava uns saudáveis 60. Em nome do rock, da festa e do prazer. Em nome da história. Que não lhe deu o devido valor. Um loser. Um looser.
So Alone - 1978

New York Dolls - Personality Crisis
HeartBreakers - Chinese Rocks
Johnny Thunders - You can't put your arms around a memory
Para muitos fãs do rock e derivados, o nome Johnny Thunders não diz nada. A alguns diz pouco. Mas a história não esquece. E não perdoa. Johnny Thunders não nasceu Johnny Thunders. Johnny Thunders nasceu um vulgar John Genzale. Durante uns tempos chamou-se Johnny Volume. Mas não seria recordado assim. Juntamente com David Johansen e Sylvain Sylvain, Arthur Kane e Billy Murcia, forma, aos 19 anos, os míticos New York Dolls. Rimel, baton, espuma para o cabelo, heroína e muito, mas muito rock'n roll. A imagem iria influenciar grandes bandas do passado como os Kiss, os Van Halen, ou (blergh!) os Bonjovi. Mas a música, iria influenciar os Sex Pistols, Ramones, Guns N Roses e todas as bandas que daí em diante tocavam o rock no limite do politicamente incorrecto. Duraram 3 anos, 2 albuns e muitas doses de heroína. Deixaram hinos clássicos do rock mais sleazy que se fez até hoje, como Personality Crisis ou Jet Boy. Acabaram sem nunca cheirar o êxito que só chegaria postumamente.

Mas o Johnny Thunders não era homem de ficar parado. Só sabia fazer uma coisa na vida: tocar guitarra. O rock corria-lhe no sangue. Mais do que a heroína. Por isso, em 1975, forma, com
Richard Hell dos Television (também merecedores de um post), os HeartBreakers. Com (já naquela altura) duas figuras lendárias da cena de Nova Iorque, causaram impressão suficiente para conseguirem gravar um albúm, bem rápido e à pressa, como o rock deve ser. O album chama-se "L.A.M.F." (algo como Like A MotherFucker), e contém clássicos como Born to Lose ou One Track Mind, mas talvez a música mais conhecida seja mesmo Chinese Rocks, escrita maioritariamente pelo futuro Dee Dee Ramone, e que versava sobre o vício da heroína, e a penhora de todos os bens em nome da China White. Em fim, um assunto com o qual todos estavam familiarizados.

Mas os Heartbreakers também não iam durar. E mais uma vez, Johnny Thunders viu-se sem gang. Com um passado já de respeito, em termos de influência na música à qual deu a alma, encontrava-se numa encruzilhada. Aos 26 anos, sabia que podia já não ter muito tempo. A heroína estava a tomar o comando. Mas antes que acontecesse, Johnny Thunders grava, provavelmente, a sua grande obra-prima, talvez o maior feito da sua carreira: o álbum So Alone.
A saúde e o vício não ajudavam, mas ele sabia que aquele seria o seu canto do cisne. E decidiu que seria uma grande festa. Vários amigos participaram na gravação do album. Elementos dos Sex Pistols. Phyl Lynott dos Thin Lizzy. Chrissie Hynde (futuramente) dos Pretenders. Tantos outros. Para a história ficaram músicas como She's so Untouchable, Ask me No Questions, as versões de Pipeline, Great Big Kiss ou Daddy Rollin' Stone, mas acima de tudo, You can't put your arms around a memory. A aura que envolve o album dá a sensação de ser aquele o auge do artista. Que a partir daqui, é sempre a descer.
E assim foi. Johnny ia morrer. Ele sabia. Mas não foi tão cedo como esperava. Restaram-lhe alguns anos de decadência. Concertos semi-vazios, performances grotescas e acabadas, albuns inconsequentes, muita heroína. Sempre a heroína. Mas seria igual sem heroína?
Johnny Genzale morreu em 1991, sozinho, no seu apartamento. De overdose. Tinha 38 anos. Mas aparentava uns saudáveis 60. Em nome do rock, da festa e do prazer. Em nome da história. Que não lhe deu o devido valor. Um loser. Um looser.
So Alone - 1978

New York Dolls - Personality Crisis
HeartBreakers - Chinese Rocks
Johnny Thunders - You can't put your arms around a memory
Etiquetas: Johnny Thunders, New York Dolls, New-Wave, Nova Iorque, punk, The Heartbreakers


1 Comments:
Johnny Thunders e uma lenda. Por incrivel que pareca da minha idade sou o unico da minha pequena cidade que o conhece.
Enfim as bandas hoje em dia que mais vendem e mais reconhecidas sao as que usam mais marketing, as q os musicos se que se vestem melhor e mais giros. Por amor de deus isso e ridiculo.
Onde esta o bom senso em relaçao cultura musical?!
Pena que tenha morrido tao novo, se nao fosse de OD teria sido de leucemia :S
Levou o lema Sex Drugs n Rock a Roll a serio. Tambem me questiono se sem heroina teria sido melhor. Mas agora e impossivel saber.
Descansa em paz Johnny
Enviar um comentário
<< Home