domingo, setembro 16, 2007

The Greatest Band in the World, if...




Quantas vezes já não fomos a concertos no nosso bairro, e ouvimos uma banda que nos pôs a pensar "epa, estes gajos são mesmo bons. se alguem pegar neles..."? Quantas vezes não olhámos para uma banda, e pensámos "estes tipos vão longe, se arranjarem uma gaja loira pra cantar..."? "estes tipo são decentes, se meterem aqui umas guitarradas à Pearl Jam, quem sabe..."? "são ok, se arranjarem um agente baril...".

Isto tudo para dizer que, apesar de primariamente reconhecermos potencial musical numa banda que eventualmente nos toca lá "naquele sítio especial", tentamos sempre subvertê-las pelas regras do showbiz, em que a pureza da arte se põe de quatro e voltada para os mandamentos do mercado. Isto tudo inconscientemente. Porque nesse acto, representamos a massa consumidora que já assimilou as regras, e que classifica tudo o que vê e cheira. Pop-Rock Comercial. Acid-Techno-Trance Tribal. Heavy-Speed-Thrash Metal Atmosférico. Calvin Klein.

E assim, apresento os The Replacements. Quem são os The Replacements, perguntam vocês?

Os The Replacements formaram-se em Minnesota, no final da década de 70. Por altura da formação, o baixista tinha 12 anos. Lançaram 7 albúns, uns EPs, um ou dois best-offs. O primeiro guitarrista morreu de overdose, coincidentemente quando a banda assinou por uma "major-label". Um fio de história perfeitamente igual a outros tantos.

Mas os Replacements foram muito mais do que isso. Foram uma banda que sempre se recusou a seguir as leis ditadas pelo mercado. O som mais anarca do inicio mutou-se até chegar ao rock que se tornou a sua imagem de marca. Tornaram-se conhecidos por aparecerem podres de bêbados nos concertos, tocarem 3 ou 4 originais mais uma hora e meia de covers, muitas das vezes deitados no chão, porque ficar em pé custava um pouco. Tocavam o que queriam, quando queriam, e ninguém lhes ia dizer o contrário. Quando assinaram por uma "major-label", e impuseram-lhes o gravação de videos para os "singles", puseram uma câmara à frente de umas colunas, gravaram 4 minutos, e usaram este "video" para todos os "singles" lançados daí em diante. Recusaram aparições em programas de televisão, ignoraram a MTV, na crença de que a música ia falar por eles. Pois bem... não falou... ou falou?
Nunca ganharam o seu milhão, nunca atingiram o estatuto de "next big thing", a maior banda do mundo... no entanto, não passaram totalmente despercebidos. Os Pixies ou os Nirvana, citaram os The Replacements como grande influência. Inspiraram milhentos putos de bairro com problemas adolescentes a pegar numa guitarra e a curtir. E surpresa, muitos deles formaram mesmo uma banda. E isto tudo sem passar na MTV... Podem nunca ter sido a maior banda do mundo, a banda preferida de toda a gente, mas conseguiram um estatuto muito mais importante... são a banda preferida da Wynona Ryder!!! Quantas bandas se podem orgulhar de ter este estatuto?

P.S.: Já disse que eles rockavam bué???

Bastards of Young


I Will Dare (bandolim da versão original tocado pelo Peter Buck dos R.E.M.)


Can't Hardly Wait

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1 Comments:

Blogger .ngm said...

Um blogue que se poderia erradamente pensar defunto volta, miraculosamente, à vida, ainda que pela diligência de nova mão em novo teclado...

A multidão espera (e porque não dizê-lo... exige!) que esta lufada de ar fresco encha de ar os pulmões do fundador (e ícone do estaminé) e que o encoraje para que, num profundo e prolífico expirar, volte à labuta e à produção de análises, críticas e apreciações a obras fonográficas com a qualidade a que nos habituou por um periodo de tempo curto, mas suficiente para nos permitir assinalar de forma inteligível a qualidade, o cuidado e a preocupação que colocou e colocará, de futuro, nos seus escritos.

Tudo isto, claro, sem desprimor para o novo colaborador, cuja chegada laudo e aprecio, e do qual se espera, quando mais não seja, conseguir manter acesa a chama do blogue, se para isso não for suficiente a alma de Djodjah e as genuínas e profundas palavras de apreço que os vossos leitores vos forem deixando.

Relativamente ao post e ao seu conteúdo, fala, passe o pleonasmo ao contrário, de uma das mais famosas bandas que passaram ao lado da fama (seja por virtude ou desígnio) e fala bem e fala certo e assim é que se gosta de ver falar, e como tal, mesmo sem ter estatuto nem categoria (sem falsas modéstias nem moralismos) para o julgar, permito-me julgá-lo e auspiciar um belo futuro para o blogue do Jorge e do Tiago (ex-"blogue do Jorge")...

PS: Mas há paciência para chegar a este ponto do comentário? Se está a ler isto até este ponto, desde o princípio, é porque há algo de claramente errado na maneira como orienta a sua vida, nomeadamente necessita urgentemente de rever a sua gestão de tempo e prioridades...

11:35 a.m., setembro 17, 2007  

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